segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Curso Gratuito - O que é a ecologia? – Parte I - O panteísmo monista do fundador Ernst Haeckel

Curso Gratuito e com o Certificado do ICEC - Instituto de Cultura e Educação Calvinista
Coordenação: Prof. Luis Cavalcante - E-mail: profeessorluiscavalcante@bol.com.br

Luis Dufaur
O panteísmo monista do fundador Ernst Haeckel
A reunião de Rio+20 leva a se perguntar como nasceu a ecologia e o movimento ambientalista.
“Um estudo divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente revelou que 78% da população desconhece a Rio+20. A pesquisa ‘O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável’ ouviu mais de 2 mil pessoas em todo o País”, noticiou OESP de 7 de junho.
“Mesmo com os baixos índices, a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira destacou que houve melhora. Na Eco-92, quando foi realizada a primeira pesquisa, apenas 6% dos brasileiros conheciam o evento”, acrescentou o jornal.
Tal vez em outros países essa proporção possa mudar. Porém, o fato é que a ecologia de que tanto se fala, poucos conhecem o que é que é.
Excetuadas é claro alguns slogans sem muito conteúdo marcados de sentimentalismo pelos bichinos ou por um compreensível saudosismo de uma sociedade sem as brutalidades da era industrial, a ecologia e o movimento ambientalista continuam sendo grandes desconhecidos para o público.
Entretanto, o ambientalismo ecológico pode mudar radicalmente a vida dos brasileiros e jogá-los numa situação que pode se assemelhar a uma imensa desgraça sem sequer eles terem tido ideia do que se estava preparando.
Nessa hipótese que desejamos que não se verifique, a sociedade atual será vista no futuro como a despreocupada tripulação do Titanic na hora em que o iceberg estava na iminência de atingi-lo.
A Rio+20 é uma ocasião para aprofundar o conhecimento do movimento ecologista.
O livro de Anna Bramwell “Ecology In The 20th Century, A History”, (A ecologia no século XX – Uma história”, publicado pela prestigiosa editora universitária Yale University Press, nos forneceu precisos elementos que queremos levar ao alcance de nossos leitores.

Ernst Haeckel (1834-1919), fundador da ecologia
A história começa no século XIX num contexto cultural tão diverso do nosso.
Através de um percurso que pode parecer surpreendente conduz aos aspectos mais ocultos do nazismo.
E, no pós-guerra através do movimento hippie e congêneres nos joga no fulcro do grande debate do III milênio.
Veremos isso em sucessivos posts.
***
1880-1945: Origem do termo
A palavra ecologia foi usada pela primeira vez por Ernst Haeckel (1834-1919) em sua Morphologie Générelle, publicada em 1866. O papel de Haeckel na história da ecologia é ao mesmo tempo importante e ambíguo.
A influência política de Haeckel foi enorme através da Liga Monista, que congregava proeminentes reformadores, agitadores políticos e cientistas.
Haeckel era um ateu republicano, radical adorador da natureza.
Apresentou uma alternativa que era ao mesmo tempo um programa, uma evidência científica e uma sabedoria religiosa. Criou a raiz científica e biológica do movimento ecológico atual.
Haeckel ensinou uma visão religiosa panteísta da natureza
Haeckel ensinou uma visão religiosa panteísta da natureza
Haeckel via o universo como um organismo unificado e equilibrado, todo ele feito do mesmo material. Defendia a doutrina monista de que tudo é matéria ou tudo é espírito.
Acreditava que o homem e o animal têm a mesma situação moral e natural. Pregava a doutrina de que a natureza é a fonte da verdade e mestra sábia para a conduta do homem durante a vida.
E que a sociedade humana devia ser reorganizada de acordo com regras estabelecidas pelo mundo natural.
Ele definia o monismo como sendo “um espírito em todas as coisas”. 

Rejeitava a distinção entre a esfera natural e a espiritual.
Pensava que os animais deviam ser considerados iguais ao homem. Neles se poderia discernir os primeiros começos da razão e da conduta ética.
Haeckel pregava que homem e animal têm a mesma situação moral
Haeckel pregava que homem e animal têm a mesma situação moral
Defendia que o homem havia cometido um erro ao se isolar do mundo natural, em seu esforço de preservar as regras sociais, a família e a sociedade. A extraordinária influência de Haeckel pode ser atribuída a seu apelo quase religioso à natureza e ao incipiente panteísmo de suas crenças.
Elas pregavam o retorno a uma natureza impregnada de Deus, banida outrora do norte pelo Cristianismo.
A lei natural tomou o lugar de Deus, de tal modo que as leis naturais devem tornar-se conhecidas para que os homens as obedeçam e possam progredir.
novo panteísmo tem uma natureza dominadora em seu cerne, natureza que deve educar e guiar o homem nas vias do progresso.
***
No próximo artigo continuaremos estes excertos da obra citada: Anna Bramwell “Ecology In The 20th Century, A History”, Yale University Press, New Haven, Ct., and London, 1989.

Fonte: http://ipco.org.br/ipco/noticias/o-que-e-a-ecologia-parte-i#.UhtFjhsU_aw




O que é a ecologia? – Parte II


Luis Dufaur


Continuamos neste artigo a publicar excertos da obra de Anna Bramwell, “Ecology in the 20th Century, A History”. Clique no link a seguir para ver a primeira parte: O que é a ecologia? O panteísmo monista do fundador Ernst Haeckel
O extremismo do fundador superado pelos discípulos
Apesar de sua ênfase aparentemente inócua nas belezas e maravilhas da natureza, o monismo do fundador da ecologia Ernst Haeckel era um credo subversivo, não apenas por causa de seu repúdio à religião organizada, mas também por sua rejeição das tradições sociais.
Todos os organismos vivos, amebas, macacos, homem primitivo e homem educado, devem cooperar entre si. A sociedade humana existente deve ser rejeitada se for ultrapassada pelos avanços científicos.
Haeckel só se tornou presidente da Liga Monista, inspirada por ele, em 1905. Seus escritos foram atacados por grupos cristãos e conservadores. Embora fossem apresentados como de direita, os monistas eram firmemente esquerdistas, muitos deles socialistas e materialistas.
Ecologia e socialismo
Homem e natureza: uma coisa só. Retorno a conceitos pagãos.
Homem e natureza: uma coisa só. Retorno a conceitos pagãos.
A maior parte dos primeiros ecologistas pertenceram ao Partido Social Democrata Alemão. O apelo de Haeckel encontrou ressonância numa geração de ateus republicanos e socialistas, desejosos de seguirem o que de fato era uma nova religião.
A ênfase de Haeckel naquilo que era ao mesmo tempo maravilhoso e orgânico era persuasiva. Era a crença na sociedade enquanto um todo orgânico a conceder validez científica ao relativismo.
A importância política que tiveram iria se manifestar no futuro, muitas décadas depois do colapso do nazismo, quando a classe média educada começou a apoiar os verdes.
Haeckel e os monistas não apoiavam a democracia,porque não confiavam que alguém — exceto os cientistas — pudesse compreender o homem e a sociedade.
O legado mais importante de Haeckel foi seu culto à natureza, a crença de que o homem e a natureza são uma coisa só, e que causar danos a um era causar danos ao outro.
Neste sentido, ele é mais fundador da moderna ecologia do que os biologistas holistas que elaboraram teorias referentes à conduta humana e à organização social.
Origem do termo “ambiente”
Konrad Lorenz forjou o termo "ambiente" no sentido ecológico
Konrad Lorenz forjou o termo “ambiente” no sentido ecológico
Em 1909, o fisiologista alemão Jacob von Uekhull empregou pela primeira vez o termo “ambiente”, enquanto significando o mundo subjetivo ou fenomenal do individuo.
O fosso de separação entre o homem e o animal estava encurtado pelo desenvolvimento da etologia.
Os etologistas procuravam os mecanismos precisos que explicassem os instintos. Sem o conceito de ecologia, não se estabeleceria a relação entre os organismos e os ambientes em seu “habitat” natural.
O conceito promovia a ideia de que a conduta animal ou humana só poderia ser entendida examinando seu “habitat” natural. O que levou à conclusão de que o laboratório não era o meio adequado para se compreender as complexas e sutis interações entre os animais e o homem.
O primeiro e mais famoso etologista foi o naturalista austríaco Konrad Lorenz. Ele via os animais e o ambiente como um todo.
Para Lorenz, o homem só é mais um animal
Para Lorenz, o homem só é mais um animal
Cada animal era um indivíduo. Segundo ele, os animais aprendem, modificam-se, amam, sentem surpresa, inveja e dor como os homens.
Com base nesta nova ciência, viu-se que o fosso entre o comportamento humano e o animal não era tão grande como se pensara.
Filosofia e militância contra o homem
A porta estava aberta para o anti-antropomorfismo científico, para a ideia de que é errado distinguir a situação moral e mesmo legal entre as diferentes espécies.
Lorenz argumentava que se se reconhecesse a natureza animal do homem, este teria mais facilidade em resolver seus problemas políticos e sociais.
Através da etologia humana, podemos ver algumas raízes ocultas da ecologia que aparecem. A primeira é a posição anti-antropomórfica.
A visão ecológica do homem enquanto animal não dependia mais de uma avaliação moral. Os valores ecológicos estavam apoiados por uma nova ciência.
O homem virou o inimigo da natureza e é preciso acabar com ele, diziam
O homem virou o inimigo da natureza e é preciso acabar com ele, diziam
O anti-antropomorfismo explícito de Haeckel foi desenvolvido pelos etologistas. O vitalismo influenciou também o quadro científico da própria terra e da vida humana.
Os geógrafos alemães von Humboldt e Carl Ritter descreveram a terra como um organismo em funcionamento, defendendo a tese de que o homem e o solo têm uma aliança mística indissolúvel.
O termo biosfera foi reativado na década de 20 por um biólogo russo. A fusão do vitalismo biológico com a geologia orgânica parece ter sido uma premissa para a visão global dos ecologistas de hoje.
A economia energética contra a população e a tecnologia
Espalhar pânicos de fim dos recursos
Espalhar pânicos de fim dos recursos
Os ecologistas economistas são considerados por alguns autores como os primeiros ecologistas de fato.
apelo à preservação das escassas reservas naturais constitui talvez um dos mais fortes argumentos dos verdes.
A existência de reservas naturais fixas, não-renováveis, tornou-se um problema quando se entendeu as implicações da teoria da dissipação da energia.
O universo foi então visto como um sistema fechado: a energia dissipada não poderia mais ser substituída.
Alguns ecologistas energéticos têm uma atitude positiva face às possibilidades da tecnologia orientada para uma espécie de futurismo “sobreviventista”, mais difundido na comuna ecológica de hoje em dia do que no início do século XX.
O medo da escassez de energia, de solo, de alimentos, a super-população, etc., obsessionava os ecologistas energéticos.
Granja ecosocialista Xardín do Cernunnos, Galicia, Espanha.jpg
Granja ecosocialista Xardín do Cernunnos, Galicia, Espanha
Surgiu uma disciplina baseada nesses problemas. Às grandes fazendas capitalistas, preferiu-se o campo trabalhado intensivamente pelo camponês.
O aproveitamento máximo da terra visava a eliminação das economias de mercado “desperdiçadoras”.
Os camponeses desligados do capitalismo agrário eram considerados como a fonte não só da coesão social e dos valores conservadores, mas também do progresso agrícola ecologicamente sadio.



Luis Dufaur

Continuação da publicação de excertos da obra de  Anna Bramwell, “Ecology in the 20th Century, A History”, Yale University Press, New Haven, Ct., and London, 1989.
***
Johann von Thunen (1785-1850), economista e geógrafo alemão, autor do livro “O Estado Isolado” foi considerado o mentor intelectual dos Nacional Socialistas alemães e dos comunistas alemães-orientais do pós-guerra.
Os ecologistas ainda o citam hoje em dia.
Defendia a vida rural camponesa numa estrutura social na qual “o Estado não pode existir enquanto determinante da vida moral, econômica e social.”
Queria a imigração em massa para a América do Norte, onde o solo fértil poderia realizar sua utopia.
“A natureza revela seus segredos ao camponês que traz modificações para a vida social”. A consequência desta filosofia econômica esquerdista na reforma agrária foi mais tarde assumida pelo socialismo de Estado.
Reestruturando o planeta em clave anárquica
A geografia, aparentemente a mais positivista das ciências, suscitou numerosos reformadores sociais, precursores dos ecologistas. De fato, era pequeno o passo que separava a descrição do uso do solo e sua estrutura da recomendação de reformas específicas.
A geopolítica, disciplina inventada por Halford Mackinder e Karl Haushofer, elaborou o conceito de Raubwirtschaft“economia exploradora”.
Já em 1905, Elisée Reclus, anarquista francês, escrevera uma obra em 19 volumes para provar o “efeito quase exclusivamente destrutivo do homem sobre o meio ambiente”.
O estudioso franco-russo, Eduard Petrie, escreveu em 1883 que a colonização de estilo ocidental destruiu não apenas o ambiente físico, mas a cultura e o espírito — etocídio — das tribos primitivas.

Outro importante radical destas primeiras correntes ecológicas foi Patrick Geddes (1832-1932), defensor encarniçado da volta-ao-solo descentralizadora.
Geddes esperava que a sociedade moderna iria abandonar a produção industrial e o uso de energia, passando para o uso “biológico” de energia tendo a aldeia como modelo social. Desejava fundar uma nova sociedade descentralizada com base no binômio camponês-aldeia.
O planejamento de casas e aldeias, de regiões e nações era o objetivo de Lewis Mumford, discípulo de Geddes.
Em 1940 advogou o estabelecimento de um governo mundial para reordenar a população da terra de modo mais belo e eficiente. A principal tarefa do século XX seria reestruturar o planeta…
A despeito dos repetidos fracassos do planejamento social, a ecologia política caiu no paradoxo de manter a crença de que o homem é capaz de interferir benevolamente na vida de outro homem.
A importância dos ecologistas energéticos reside no fato de que eles estabeleceram as bases para o cálculo do futuro das sociedades humanas. Embora muitos fossem ainda eurocêntricos, alguns já eram tão universalistas e anti-ocidentais quanto os ecologistas de hoje.
Alguns deles foram socialistas libertários, inspirados por Morris ou Ruskin, defensores da aldeia e da sociedade camponesa.
Todos eles acreditavam em reformas baseadas em cálculos científicos e em sua própria visão de decadência e desastre.
Todos eram racionalistas, todos rejeitavam as instituições políticas vigentes, advogando um governo mundial por meio de instituições apolíticas.
Quando a crise do petróleo ameaçou o Ocidente no início da década de 70, reapareceram os mesmos argumentos acerca dos recursos finitos, bem como os mesmos planos para reestruturar a sociedade, de molde a fazer o uso mais econômico possível do solo e da energia.
Reforma agrária e utopia ambientalista
O ecologismo do início do século XX defendia a ideia de que trabalhador rural deve possuir a terra em que trabalha.
Porque a reforma agrária significa a partilha das grandes propriedades, era vista como um movimento de esquerda. Na Inglaterra, os grupos pró reforma agrária eram constituídos de pessoas provenientes da classe média alta.
Rudolf Steiner e o III Reich
Que importância as ideias ecológicas tiveram para o III Reich?
É difícil avaliar como o nazismo foi visto em diferentes épocas por seus apoiadores.
Existe um corpo de discursos e livros que esboçam a ideologia nazista, mas longe de ser completo. Os discursos de Hitler nunca foram colecionados e publicados na íntegra, mesmo no original alemão. Do que existe, pode-se porém deduzir uma ideologia.
Felizmente, não é preciso esticar um mosquito para mostrar quehavia um veio de ideias ecológicas entre os nazistas.
A prova é ampla; ela existe nos arquivos ministeriais e pessoais do III Reich.
Uma discussão sobre as ideias verdes e ecológicas, presentes no nazismo, está fadada a ter um efeito explosivo. Há também possíveis consequências políticas.
O Partido Verde na Alemanha de hoje é popular entre muitos intelectuais descontentes, por parecer puro e não tisnado pelo passado. É um potencial aliado do SPD, e portanto opositor da Democracia Cristã de direita.
Os verdes adotaram as posições da extrema esquerda: feminismo, igualitarismo e agitação anti-nuclear.

Uma ligação entre as ideias verdes em moda atualmente e o nazismo poderia suscitar incômodos e até mesmo vitupérios.
Houve dois níveis de apoio à ecologia no IIIº Reich. O primeiro, a nível ministerial; o segundo, a nível administrativo, nos órgãos do Partido.
Os dois ministros simpáticos às ideias ecológicas foram Rudolf Hess e Walter Darre, líder camponês e Ministro da Agricultura entre 1932 e 1942.
Fritz Todt, presidente da Organização Todt, era também um ecologista. Hess era seguidor de Rudolf Steiner e homeopata.
O escritório de Hess empregava diversos ecologistas, entre os quais Anthony Ludovici, que escreveu largamente sobre a necessidade de um uso planejado da terra, orgânico e ecologicamente equilibrado.
Blut und Boden (Sangue e Solo) era a organização de Darre
Havia milhares de fazendeiros bio-dinâmicos alistados na “Guerra da Produção” nazista.
Tamanho era o número dos alternativos ligados a Hess na Chancelaria que Martin Bormann fez circular um memorando pedindo o fim dos “círculos ocultos e confessionais”.
Isto mostra a frincha dentro do Nacional Socialismo entre os homens práticos e os alternativos, individualistas rebeldes contra as estruturas da República de Weimar e que trouxeram suas crenças para o IIIº Reich.
A Alemanha nazista foi o primeiro país da Europa a formar reservas naturais.
Foi o primeiro país a insistir na plantação de árvores de espécie mista para conservar o equilíbrio ecológico; a introduzir leis para proteger o habitat da vida selvagem etc.
Apesar de a Alemanha ter — segundo se acreditava — uma carência aguda de terras, era considerado sacrossanto o solo arborizado.
Quando parte da Polônia foi incorporada à Alemanha em 1939, 25% de todas as terras aráveis foram reservadas para serem florestadas. Na década de 30, 2/5 de todo o solo alemão estava reservado para florestas.
A folha de carvalho era o símbolo das SS.
Houve tensão entre a Alemanha e a Itália quando Mussolini insistiu em continuar cortando árvores no Sul do Tirol.
A era do camponês integrado na terra
Entre as duas grandes guerras havia se difundido a ideia de que o campesinato tinha uma missão “especial”.
Rudolf Steiner, fundador da antroposofia, inspirou em 1925, uma nova escola de agricultura bio-dinâmica que visava a preservar o espírito do solo e cuidar para que este fosse arado de acordo com sua teoria de forças-vivas e influências magnéticas do cosmos.
Os fertilizantes artificiais eram rejeitados enquanto coisa morta feita pelo homem.
A terra era um ser vivo: o solo, seu olho ou orelha. A agricultura deveria fazer parte de uma unidade orgânica mundo-terra.
Depois do voo de Hess para a Inglaterra, o movimento bio-dinâmico foi perseguido.
Todos os que estavam ligados às ideias de Hess — homeopatas e naturistas — tornaram-se suspeitos.
Walter Darre, Ministro da Agricultura, devotou seus dois últimos anos a fazer campanha em prol das fazendas orgânicas, em sentido contrário à vontade de Backe, Bormann e Goering.
Himmler exigiu leis anti-vivisecção.
Himmler exigiu leis anti-vivisecção.
Um terço da liderança nazista apoiou a campanha de Darre; outro terço era favorável às ideias orgânicas, mas negou-se a apoiá-las devido a suas ligações com Rudolf Steiner e as ideias antroposóficas; e o terço restante foi hostil.
Himmler fundou fazendas orgânicas experimentais para plantar ervas para os remédios dos SS.
O diretor do Bureau SS para Raças e Colonização, Gustav Pancke, visitou a Polônia em 1939 para criar fazendas orgânicas.
Por insistência de Himmler, foram aprovadas leis anti-vivisecção.
O treinamento dos SS incluía aprender respeitar a vida animal.
À maneira dos ecologistas de hoje, os nazistas se opunham ao capitalismo e ao sistema de mercado orientado para o consumidor.

Com seu programa “Volta à terra” o III Reich alcançou seus maiores sucessos e fracassos ecológicos.
O programa de colonização era essencial para os planos nazistas de criar uma Alemanha rural.
Ele iria varrer a antiga nobreza por meio da reforma agrária e estabelecer uma nova nobreza camponesa.
O ímpeto retórico dos nazistas agrários radicais voltava-se para a formação de uma Alemanha que integrasse uma Internacional Camponesa da Europa do Norte, onde as fazendas seriam dirigidas de acordo com o alvitre dos comitês de conselheiros locais.
Tal retórica, comportando um ataque em larga escala contra a economia capitalista e o direito de propriedade, defendia que o comércio exterior e a industrialização haviam sido elaborados por capitalistas manipuladores para forçar as populações rurais a confluírem para as cidades.
O sistema industrial teria sido construído para impedir as autonomias locais e a auto-suficiência. O remédio seria a total ruralização da Alemanha.
O fracasso militar na II Guerra Mundial pôs fim às tentativas mas não à utopia.


O que é a ecologia? – Parte IV


Luis Dufaur

O ambientalismo do pós-guerra trabalha para impor a vida tribal

(Fonte: excertos de Anna Bramwell, “Ecology in the 20th Century, A History”, Yale University Press, New Haven, Ct., and London, 1989).

O movimento orgânico rural na Inglaterra

Depois da II Guerra Mundial, aumentou gradualmente o número dos seguidores de Rudolf Steiner, que formaram uma rede poderosa de simpatizantes alternativos, a maior parte dos quais relacionada com a Soil Association.
Soil Association levou a cabo a tarefa de aproximar, no fim da Grande Guerra, os vários grupos de pessoas preocupadas com erosão e fertilidade do solo, poluição e agricultura baseada em fertilizantes químicos.
Anti-capitalismo visceral no cerne verde
Anti-capitalismo visceral no cerne verde
Eles se identificavam como ecologistas. Os fazendeiros orgânicos eram colocados em contacto uns com os outros através da Soil Association.
Por volta do fim dos anos 60, os líderes da Soil Association mudaram de rumo, tomando umaorientação esquerdista nos debates sobre a escassez das riquezas naturais, e atacando a propriedade privada. Publicaram artigos elogiando as comunas de Mao e exigindo que glebas fossem distribuídas à população.
O cerne intelectual do movimento ecologista britânico nos anos 60 e 70 se concentrava no Ecologist, jornal editado e financiado pelo irmão de Sir James Goldsmith, homem de negócios multimilionário.

O movimento ecologista americano

Desde 1970, o movimento ecologista americano tem passado por vários estágios, numa versão acelerada em relação ao desenvolvimento do ecologismo em outras partes.
Eco-terrorismo contra o capitalismo, a indústria e o consumo
Eco-terrorismo contra o capitalismo, a indústria e o consumo
O feminismo americano abriu-se à ecologia na crença de um paraíso matriarcal. Surgiram os ecologistas tecnófobos, louvaminheiros das tribos primitivas do Terceiro Mundo.
Osecologistas-profundos,em busca de uma harmonia de tipo budista, em brevetornaram-se eco-terroristas especializados em sabotagem de fábricas. Com volúpia tecnocrata, estabeleceram planos paras as “bio-regiões”.
Um dos aspectos importantes do plano bio-regional é que a nação-estado e outras fronteiras seriam superados pelas geo-políticas. 
Quem irá planejar essas novas áreas, qual o seu tamanho, quem irá policiar suas fronteiras, quem irá averiguar que elas são autossuficientes, estas são perguntas não respondidas. 
Contudo, por alguma razão, os Verdes parecem que se dão mal com a autossuficiência. Os ecologistas parecem ter maior necessidade dos recursos da terra do que outras pessoas.
Earth Liberation Front: ações teatrais para impressionar "moderados"
Earth Liberation Front: ações teatrais para impressionar “moderados”
Uma razão talvez seja a democracia participativa, pois gasta tempo assistir às reuniões…
Os ecologistas defendem que o mundo tem população em excesso para poder viver em autossuficiência. As eco-utopias presumem uma população de baixa densidade. 
Os ecologistas americanos parecem ter aderido há pouco ao movimento. Eles ignoram seus ancestrais. Esquecem não apenas seus precursores do século passado, como também suas próprias profecias.
As visões apocalípticas de há vinte anos não se realizaram.
Primitivismo tribal: o ponto de chegada dos verdes
Primitivismo tribal: o ponto de chegada dos verdes

“Desurbanização” e imersão no primitivismo tribal

Ativistas verdes anti-nucleares, Ucrânia
Ativistas verdes anti-nucleares, Ucrânia
cultura verde hoje em dia agrega ainda os novos pagãos, tais como os bandos nômades de bruxas inglesas que seguem os planos astrais e as bruxas matriarcais alemãs que adoram as mesmas pedras outrora cultuadas pelos nazistas.
O movimento pagão na Inglaterra e nos Estados Unidos surgiu a partir do feminismo matriarcal e dos movimentos anti-nucleares, juntamente com as tendências astrológicas e cultuadoras da natureza do movimento naturista deste século.
A “Nouvelle Droite”, forte na França, Itália e Bélgica, é verde em sua crítica cultural. Apoia os valores helênicos, incluindo o paganismo grego e defende, como pensamento político, uma espécie de dissolução das fronteiras nacionais em razão de determinismo geográfico, o qual se parece muito com o plano das “bio-regiões” dos ecologistas norte-americanos.
Oposição à poluição ambiental e à destruição da paisagem fazem automaticamente parte de seus valores.
Uma continuidade ideológica do mesmo gênero foi encontrada na “Nova Direita” na Rússia. O movimento oposicionista “Veche”, fechado pela KGB em 1973, reivindicava o renascimento de uma Rússia camponesa, possivelmente localizada na Sibéria, enquanto a Rússia europeia era deixada aos marxistas.
Partido Verde, Inglaterra
Partido Verde, Inglaterra
A “utopia liberal”, defendida pelo movimento, exigia a desurbanização da Rússia e uma evacuação das cidades.
Pode-se realmente falar de uma crítica ecológica cultural conjunta, de uma ética verde comum às bruxas, aos neonazistas e aos professores franceses?
De fato, eles têm pontos em comum, apesar da inverossimilhança de uma futura cooperação.
Todos são anticapitalistas e defendem a ética do anti-crescimento. Todos são pacifistas que acreditam que a dissolução das fronteiras da nação-estado removerá as causas de guerra. 

São contrários à economia de mercado, e fazem reparos à tentativa do homem de escapar às leis da natureza. Apoiam também o retorno à sociedade tribal, à “aldeia global”. 

Obviamente, as cidades deverão desaparecer, e o homem deverá voltar para o campo a fim de reconstruir uma nova era, uma nova civilização, um novo mundo.





Nenhum comentário:

Postar um comentário